Mario Mendonça iniciou sua carreira como autodidata, depois recebeu sólidas orientações sobre desenho e diversas técnicas. Sua primeira professora foi Caterina Baratelli, uma artista italiana que o introduziu aos fundamentos do desenho. Seus trabalhos em técnicas diversas como grafite, lápis de cor, nanquim e aquarela, mostram sua expressividade e delicadeza no manejo do traço.
Mário Mendonça nutre uma relação artística profunda com a figura de Dom Quixote. Ele desenhou o grande personagem de Cervantes muitas vezes, em variadas interpretações. Essas obras são carregadas de sensibilidade, marcando um jogo de espelhos entre a alma do artista e a do cavaleiro da triste figura. Como escreveu Ana Lígia Medeiros, os desenhos de Mario levam o observador “a caminhar lado a lado com os cenários e sentimentos que retratam a viagem entre o sonho e a realidade, empreendida pelo sempre memorável cavaleiro andante”. Essa abordagem demonstra a forte conexão emocional e simbólica que o artista estabelece com suas figuras, como Quixote, que carrega ressonâncias tão profundas quanto os retratos sacros de Cristo.
Além da série de Quixotes, Mario Mendonça se dedicou a desenhar peças que conflitaram com a ideologia da ditadura militar brasileira. Os desenhos com viés político e panfletários contra a ditadura sofreram restrições para a sua exposição na época e hoje, em tempos menos sombrios, podem ser vistos como um documento de memória e de resistência.